Porque todos os dias precisam ser 18 de maio

aspectos sócio-histórico-culturais sobre o tráfico de mulheres e meninas no Brasil

Autores

  • Claudia Patrícia de Luna ESMP/SP

Palavras-chave:

tráfico de mulheres e meninas, aspectos sócio-histórico-culturais, globalização, discriminação de gênero, fator racial

Resumo

O tráfico de pessoas nas suas mais diversas modalidades é uma das práticas criminosas que, historicamente, nos remete a épocas em que se relegava o ser humano à condição de mero objeto ou mercadoria. No século XXI, constata-se que a prática do tráfico de pessoas é uma lamentável repetição de fatos históricos que apenas estiveram invisibilizados aos olhos por vezes desatentos, ora enceguecidos de nossa sociedade. A partir da leitura e análise dos dados históricos, constatamos que os processos de colonização em nosso país têm raízes no tráfi co de pessoas, no caso de homens e mulheres negros advindos de países africanos, trazidos para o nosso Brasil na condição de escravizados para terem sua força de trabalho explorada com a finalidade de gerar riqueza aos seus exploradores. Dessa feita, infere-se que o comércio de vidas humanas em nossa realidade brasileira não se trata de algo novo. No entanto, a abordagem e a visibilidade, bem como o reconhecimento do tema junto à sociedade, ainda encontram-se aquém da gravidade do fenômeno.

Biografia do Autor

Claudia Patrícia de Luna, ESMP/SP

Advogada atuante na defesa e garantia dos direitos das mulheres em situação de violência doméstica desde 1997. Pós-graduada em Direitos Difusos e Coletivos pela Escola Superior do Ministério Público do Estado de São Paulo. Pósgraduada em Direito Previdenciário e em Direito Acidentário. Integrou a Executiva da Comissão da Mulher Advogada da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional São Paulo (biênio 2001/2003) e o Conselho Estadual da Condição Feminina de SP, na qualidade de Conselheira. Diretora Executiva da Elas por Elas Vozes e Ações das Mulheres, organização afi liada às Redes FEMAMA e Vital Voices Global Partnership Presidente do Movimento Nacional Contra o Tráfi co de Pessoas (MCTP). Membro da Comissão da Verdade sobre a Escravidão Negra da OAB – Seccional de São Paulo. Integra o Conselho Fiscal da Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários (CNTU). Fellow pela Organização dos Estados Americanos (OEA), George Washington University (Women’s Leadership Program) e Miami University nas áreas de Women’s Empowerment. Atualmente preside a Comissão da Mulher Advogada da OAB/SP.

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Publicado

30-07-2019

Como Citar

Luna, C. P. de. (2019). Porque todos os dias precisam ser 18 de maio: aspectos sócio-histórico-culturais sobre o tráfico de mulheres e meninas no Brasil. Revista Do Tribunal Regional Federal Da 3ª Região, 30(ESPECIAL), 105–118. Recuperado de https://www.revista.trf3.jus.br/index.php/rtrf3/article/view/221

Edição

Seção

Artigos